Neuromoduladores


O implante de neuromoduladores na região pélvica possibilita retomar funções perdidas nesta região, trazendo de volta, por exemplo, o estímulo nervoso à uretra e ao ânus, diminuindo o risco de incontinência urinária e fecal. Além desta utilização, estes neuromoduladores podem ser a chave para diversos outros problemas, oferecendo melhora substancial da qualidade de vida, maior independência e até mesmo retomada de certos movimentos perdidos.

Estes implantes vêm trazendo esperança a diversos pacientes já conformados com dores crônicas nas pernas e região glútea, paraplégicos, tetraplégicos, amputados com dores em membros fantasma, além de certos casos de incontinências urinária e anal e endometriose.

Em comum, estes pacientes têm alterações funcionais dos nervos lombares e sacrais, que controlam as pernas, a bexiga, o reto, os órgão genitais, a porção final do intestino, a uretra e o ânus. Hoje, uma nova técnica permite alcançar estas regiões muito mais facilmente por meio de vídeolaparoscopia, combinando tecnologias já disponíveis na ginecologia e na neurocirurgia.

"Estes nervos já são conhecidos há muito tempo, muitas destas técnicas também. A novidade está na união de tudo isso. É um novo ponto de vista sobre estes nervos, com novos meios de acessá-los e inúmeras possibilidades que poderão, no futuro, beneficiar milhares de pacientes no mundo inteiro", afirma o dr. Nucélio Lemos, pós-Doutorando e responsável pelo Serviço de Neurodisfunções Pélvicas do Departamento de Ginecologia da UNIFESP-EPM.

Ao lado do prof. Marc Possover, o especialista é o representante brasileiro nestas pesquisas e também no tratamento e acompanhamento de pacientes participantes na Suíça e no Brasil.

"Diversas cirurgias já foram realizadas em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil, a maioria bem sucedida. Entre os casos já publicados, há pacientes que voltaram a ter controle urinário e relatos de melhora na qualidade da ereção e da vida sexual", afirma dr. Nucélio.

Além dos tratamentos, diagnósticos até então pouco conhecidos serão possíveis com esta nova abordagem dos nervos da região pélvica. Algumas formas de endometriose, por exemplo, antes difíceis de identificar por conta da localização, assim como a compressão nervosa por fibrose, decorrentes de procedimentos cirúrgicos ou, ainda, a compressão de nervos por varizes intra-abdominais são alguns exemplos.