Fisioterapia para combater a dor
É por meio da dor que o corpo sinaliza que algo pode estar errado. E, como se sabe, não há nada mais desagradável na rotina diária do que executar tarefas sentindo algum tipo de incômodo persistente. Em muitos casos, o humor, o desempenho no trabalho e até mesmo o apetite sofrem sérias variações por conta de dores musculares ou nas articulações, por exemplo. Nesses casos, é fundamental a visão de um profissional que possa analisar a situação, buscando sempre a maneira mais adequada de lidar com o problema. E dentro desse contexto, a Fisioterapia pode ser a ferramenta capaz de fornecer diagnóstico, tratamento e prevenção, ajudando assim o paciente a encontrar a melhor forma para se movimentar e realizar atividades confortavelmente.
Para entrar mais a fundo nesse tema convidamos a Dra. Juliana Nucci, Especialista em Fisioterapia Musculoesquelética da equipe do Increasing. Confira o bate-papo:
De modo geral, se comparada às outras áreas da Saúde, a Fisioterapia é bem assimilada pelo brasileiro. Como você avalia esta área de atuação no Brasil?
Dra. Juliana Nucci - A Fisioterapia vem crescendo, ampliando muito a sua área de atuação e especializando-se cada vez mais. Além disso o Fisioterapeuta vem produzindo muito mais conhecimento por meio de pesquisa do que há dez anos atrás, por exemplo. Mas parece que grande parte dos brasileiros ainda não assimilou a autonomia da Fisioterapia e como a abrangência dos métodos fisioterapêuticos são capazes de apresentar um grande potencial de reabilitação.
E qual é o tipo de paciente que costuma procurar o Fisioterapeuta?
Dra. Juliana Nucci - Normalmente quem procura a Fisioterapia é aquele paciente que já vem sentindo dor há algum tempo e que essa dor começa a atrapalhar alguns aspectos da sua vida, como por exemplo o seu desempenho no trabalho, os seus relacionamentos, o seu humor, seu sono etc.
Quais são os métodos e mecanismos de ação que podem ser empregados pelo Fisioterapeuta para tratar a dor?
Dra. Juliana Nucci - Existem vários métodos. Temos a terapia manual, que é bem diversificada e dividida em técnicas diferentes, também possuímos recursos eletroterapêuticos, que são neuromoduladores de dor, além da aplicação de exercícios, terapia cognitivo funcional, a educação em dor, entre outros. O que se busca com a aplicação desses métodos é restaurar a mobilidade, ganhar estabilidade, reajustar a postura e o movimento, restaurando o equilíbrio físico do corpo. Além disso, esses métodos também procuram readequar as vias neurais que levam a informação de perigo e disparam o alarme de dor. Os estudos mostram que o paciente com dor apresenta maior sensibilidade a essa informação de perigo.
Em quais partes do corpo os pacientes mais apresentam dor?
Dra. Juliana Nucci - As pesquisas mostram que a lombalgia é a dor mais prevalente e que mais causa tempo de incapacidade na população mundial. Apenas no Brasil o número de pessoas com incapacidade pela lombalgia aumentou em 60% nos últimos 20 anos. As outras dores mais comuns são na região do pescoço, na cabeça, no ombro, as dores por artrite reumatoide ou por artrose, principalmente no joelho. E existe um número grande de pessoas que sofrem de dores generalizadas no corpo, e a tão falada fibromialgia, que muitas vezes é confundida com a síndrome da dor generalizada crônica.
Quando uma pessoa deve procurar um profissional para lidar com esse problema?
Dra. Juliana Nucci - O mais rápido possível, pois a pessoa deve evitar que a dor se agrave ou que se torne crônica. Estudos recentes realizados com mais de um milhão de pessoas demonstraram que há a diminuição do número de cirurgias, da quantidade de medicamentos e de infiltrações aplicadas em pacientes com dores nas costas que procuraram de forma precoce um Fisioterapeuta e aderiram ao seu tratamento.
O que pode levar o paciente a sofrer de dores musculoesqueléticas crônicas?
Dra. Juliana Nucci - As dores musculoesqueléticas crônicas são mais comuns nos pacientes que após desenvolverem uma dor aguda ficam com receio ou apresentam muita dificuldade de se movimentar ou de retornar às suas atividades normais ao longo do tempo. A preocupação excessiva, a hipervigilância, a depressão por conta da incapacidade ou a ansiedade também são fatores que auxiliam no processo de cronificação da dor. Alguns estudos também indicam fatores genéticos para as dores crônicas. Por isso a importância de procurar um fisioterapeuta que acompanhe o paciente no retorno gradual às suas atividades, orientando-o como se movimentar sem limitações, como confrontar a experiência dolorosa, identificar e minimizar os gatilhos de dor, construindo assim o caminho da recuperação.
Seria o sedentarismo o grande vilão dentro desse contexto?
Dra. Juliana Nucci - Sem dúvidas o sedentarismo é um dos grandes vilões. Os praticantes de atividade física tendem a ter um limiar mais alto para a dor, ou seja, eles são menos sensíveis ao alarme de perigo que desencadeia a dor. Isso porque o exercício físico libera substâncias no organismo que agem no corpo como analgésicos, inibindo vias de dor de forma bem eficaz. Isso não quer dizer que um indivíduo que pratique atividade física não vá sentir dores ao longo da vida. Ele pode sentir, sim. Mas ele normalmente se recupera mais rápido por manter as suas vias neurais de dor íntegras, o que não acontece com a pessoa sedentária.
Quais são as dicas mais indicadas para se prevenir do incômodo da dor?
Dra. Juliana Nucci - Praticar atividade física regular, sendo recomendável de 3 a 4 vezes por semana. Estabelecer uma boa rotina de sono e evitar hábitos noturnos, cumprindo de sete a oito horas de sono por noite no caso dos adultos. Cuidar da alimentação, pois muitos alimentos podem aumentar a taxa de mediadores inflamatórios no organismo. E o que também é muito importante é primar por um equilíbrio emocional, evitar o estresse, a ansiedade, afastar a depressão, pois em nosso cérebro existem conexões muito fortes entre nossas redes de dor e os sistemas que codificam as nossas emoções.
O que o Increasing pode oferecer às pessoas que procuram ajuda profissional para lidar com dores?
Dra. Juliana Nucci - O Increasing oferece um acompanhamento multidisciplinar ao paciente, que é atendido por uma equipe formada de profissionais altamente qualificados no tratamento da dor.