Uma conversa sobre Fisioterapia Cardiorrespiratória
Fisioterapia é uma área da saúde tão ampla que cabem muitos tópicos e subtópicos dentro desse mesmo tema. Visando destrinchar o assunto e desta vez trazer ao público aspectos da Fisioterapia Cardiorrespiratória, entrevistamos o responsável por esta especialidade no Increasing, Dr. Wellington Contiero, que pode elucidar questões importantes. Confira:
Como definir a Fisioterapia Cardiorrespiratória para quem não a conhece?
Dr. Wellington Contiero - Fisioterapia Cardiorrespiratória é definida por um conjunto de atividades que vai trabalhar o coração, pulmão e o sistema vascular visando melhora das funções que eles exercem. O coração, pelos efeitos que os exercícios aeróbicos precisos causam, consegue trabalhar menos e com maior efetividade, mandando mais sangue aos vasos do corpo e ao pulmão. Já o pulmão consegue trocar oxigênio e gás carbônico mais rápido, facilitando a respiração. Com o treino respiratório utilizando alguns aparelhos, os músculos que realizam essa função ficam mais eficientes e fortes. Unindo estes dois mecanismos, o sangue flui pelos vasos sanguíneos, aumentando mais facilmente a produção de energia e consequentemente a quantidade de exercícios realizados. Ou seja, o indivíduo se cansa menos e realiza mais exercícios, se comparado com o período no qual iniciou essas atividades físicas.
A intervenção da fisioterapia cardiorrespiratória pode oferecer quais benefícios ao paciente?
Dr. Wellington Contiero - Há diversas alterações morfofuncionais e metabólicas que esta modalidade de fisioterapia promove, dentre elas as primeiras que são observadas são:
Redução da fadiga durante e após o exercício;
Redução de edemas pelo corpo;
Nos pacientes que relatam falta de ar, isso diminui logo nas primeiras semanas;
Aumento da vascularização;
Aumento da disposição para atividades da vida diária, como caminhadas, atividades de casa, passeios etc;
Aumento da sensação de prazer e felicidade, podendo até ser um contribuinte para Melhora dos pacientes em quadros de depressão;
Melhora na qualidade do sono;
Perda de peso associada a uma dieta prescrita por Nutricionista ou Nutrólogo;
Aumento da força muscular global e respiratória;
Aumento da capacidade de realizar atividades sem se cansar muito – mecanismo chamado de condicionamento cardiorrespiratório.
Existe um perfil específico de quem geralmente busca por esse profissional?
Dr. Wellington Contiero - Em geral, não há um perfil específico, o que vai demandar a necessidade deste profissional é a sua condição cardiorrespiratória do individuo. Para isso, este profissional é capacitado para realizar exames que detectam as debilidades cinéticofuncionais do coração e pulmão por meio de testes de capacidade cardíaca submáximos ou máximos em esteiras ou em campo, além de provas de função pulmonar, ventilometria, aferência da força muscular da caixa torácica por manovacuometria entre outro.
A nossa maior demanda é de pacientes que apresentam doenças cardíacas, pulmonares, neurológicas, degenerativas, entre outras, pois estas comorbidades reduzem drasticamente a função cardiorrespiratória e debilita o indivíduo a ponto de não conseguir tomar um simples banho, pois se cansa como se tivesse corrido uma maratona. Porém, também pode procurar esse profissional a pessoa que quiser melhorar o condicionamento cardiorrespiratório e seu desempenho físico para atividades mais pesadas como maratonas, corridas etc.
A idade da pessoa é determinante para a abordagem da terapia? Há diferenças no método a ser aplicado em um paciente idoso e em uma criança, por exemplo?
Dr. Wellington Contiero - A fisioterapia Cardiorrespiratória é pautada pela individualidade do tratamento, ou seja, não há “receita de bolo” para ser aplicada ao paciente. Por isso, realizamos uma avaliação muito criteriosa no individuo, e a partir daí traça-se o que chamamos de plano terapêutico, contendo as informações atuais e quais as metas que iremos chegar após um período de tratamento. Nele são levadas em conta incialmente as maiores dificuldades relatadas pelo indivíduo e os resultados dos exames, assim estes itens se tornam metas a serem atingidas através de um protocolo de tratamento individualizado ao paciente.
No aspecto infantil devemos levar toda a terapia para o lúdico, tornando a sessão um atrativo, pois nela a criança irá brincar com o terapeuta ao mesmo tempo que realiza todos os objetivos propostos pelo plano terapêutico. Já para o jovem, o adulto e o idoso, há casos em que necessita de uma atenção especial, fornecendo um ombro amigo, carinho e muitas vezes amor, por serem seres debilitados e depressivos.
Qual é a função da Fisioterapia Cardiorrespiratória no pré e no pós-operatório?
Dr. Wellington Contiero - A Fisioterapia Cardiorrespiratória está presente em todos os processos cirúrgicos, independente da modalidade médica que o individuo se encontra. Na fase pré-operatória, preparamos o paciente com exercícios que melhore de forma rápida a ventilação pulmonar e a força dos músculos da caixa torácica, prevenindo a formação de secreções e possíveis doenças como a pneumonia ou outras complicações. Além disso, estes exercícios favorecem a melhora do trofismo, tônus e força muscular, amplitude de movimento articular o que é extremamente importante no pós-cirúrgico pelo tempo de resguardo (geralmente de 15 a 30 dias) em que os movimentos são mais lentos, restritos e o paciente fica acamado por mais tempo.
Porém é função deste profissional iniciar o tratamento logo após a cirurgia (ainda no intra-operatório ou logo após ele) com processo de desmame e retirada de prótese ventilatória quando utilizada, executa técnicas respiratórias e motoras com exercícios metabólicos e quando possível inicia-se com o paciente sentado, evoluindo para em pé com caminhadas leves, seguida de evolução diária de carga e repetição aos exercícios. O que vai determinar o tipo de exercícios, carga e repetição é o tipo de cirurgia, debilidade do paciente, restrições promovidas do processo cirúrgico etc. Não havendo estas restrições ou fatores limitantes, a fisioterapia Cardiorrespiratória reabilita o paciente ao seu máximo de capacidade física.
E quais são os principais desafios profissionais dessa área da Fisioterapia?
Dr. Wellington Contiero - Primeiro, se não o maior, ampliar a área de atuação e fazer ela ser conhecida pela população em geral, pois aproximadamente 75% da população acha que Fisioterapia é somente aquela que trata dos distúrbios ortopédicos, “faz massagem”, ou trata pessoas com problemas neurológicos. A maioria das pessoas que a conhece é porque em alguma parte de sua vida necessitou de tratamento hospitalar e teve contato com esse profissional. Esta área ainda é muito restrita ao ambiente hospitalar, o que limita o conhecimento por parte da maioria. O segundo maior desafio é fazer o individuo compreender a necessidade de tratamento dentro da área, muitas pessoas não acreditam nos efeitos por não ter conhecimento de causa e da própria área, e também por achar que o tratamento será com os mesmos efeitos dos diversos profissionais que tratam a Fisioterapia como produtor de dinheiro, ou seja, faz o famoso choquinho e vai embora, e no fim, nada mudou. Para isso os novos profissionais que partem para essa área necessitam ser astutos, espertos e criativos, além de um excelente conhecimento teórico-prático em Fisiologia, Patologia, Fisiopatologia, Cinesiologia entre outras disciplinas, correlacionado todas elas para um atendimento de qualidade e que tenha eficácia terapêutica.
Agora falando sobre expertise, aprimoramento e capacitação: como é vista a Fisioterapia Cardiorrespiratória no Brasil?
Dr. Wellington Contiero - Em franca expansão, contamos com diversos e grandes centros de estudo na área, dentre eles o Instituto Dante Pazanese de Cardiologia, INCOR, Universidade Estadual de Campinas e de São Paulo (UNICAMP e UNESP) que oferecem cursos de residência e aprimoramento nesta área, capacitando o profissional ao atendimento mais ostensivo e de alta qualidade. Há também os cursos latu sensu com mínimo de 360 horas para reconhecimento por parte do MEC, estes tão bom quanto, porém com carga prática menor do que uma residência, o que carece ao aluno um estágio voluntário posteriormente para desenvolver as práticas aprendidas e vivencia-las no dia-a-dia, o famoso “pegar mão” – experiência.
E como a tecnologia está envolvida no dia a dia desse profissional?
Dr. Wellington Contiero - Diretamente ligada. Nós estamos sempre ao lado do médico, vendo exames, executando exames com aparelhos que a cada dia vão sendo melhorados pelas novas tecnologias. Durante a sessão trabalhamos o tempo todo em cima de números (frequência cardíaca por monitoramento em frequêncimetro de pulso ou por eletrocardiógrafo ligados a programas específicos que nos mostram a frequência cardíaca real, frequência cardíaca de treinamento, percentual de gordura em exercícios, distância percorrida, velocidades, tempo em cicloergometro ou em esteira ergométrica etc.). Também há programas que nos auxiliam no laudo de teste funcionais – espirometria, ventilometria, manovacuometria entre outros.
O que o Increasing pode oferecer no âmbito da Fisioterapia Cardiorrespiratória?
Dr. Wellington Contiero - Um atendimento de qualidade, com segurança, individualizado, com metas reais, objetivas mostrando melhora a cada sessão e deixando o paciente ciente delas por meio de relatórios, números e pela própria condição física que ele percebe ao transcorrer do tratamento. Oferecemos tratamento em conjunto com uma equipe altamente qualificada e com total suporte ao paciente Increasing.