A Fisioterapia Pélvica compreende a avaliação, o tratamento e a prevenção dos distúrbios cinético-funcionais da região pélvica feminina, masculina e infantil1. Através de técnicas específicas, o acompanhamento fisioterapêutico se baseia na abordagem do assoalho pélvico, estrutura anatômica localizada no interior da pelve e que fecha a cavidade abdominal, desempenhando funções de continência urinária e fecal, sustentação dos órgãos internos e participação na resposta sexual2.
Figura: Localização dos músculos do assoalho
pélvico nas pelves masculina e feminina e sua relação com os órgãos internos.
©Continence Foundation of Australia.
O treinamento muscular do assoalho pélvico é essencial no tratamento
de alterações que acometem a pelve humana, como as algias pélvicas, os prolapsos genitais, bem como as disfunções anorretais, urinárias e
sexuais1.
Foi descrito primeiramente em
1936 como opção preventiva e terapêutica na incontinência urinária e fecal,
tornando-se popular nos anos 1950 com os estudos de Kegel3.
Atualmente, a reabilitação do assoalho pélvico é a primeira linha de tratamento para a incontinência urinária por
manter e/ou reforçar a pressão uretral, além de auxiliar no suporte dos órgãos
internos3,4. Também é eficaz na melhora da sensibilidade perineal e
restauração da circulação local, contribuindo no aprimoramento da função sexual de homens e mulheres3,5.
O papel do
fisioterapeuta consiste em avaliar a função desses músculos, buscando o
desenvolvimento da força, da coordenação, da velocidade e da resistência de
acordo com a queixa de cada paciente de forma individualizada4.
Visto que a musculatura do assoalho pélvico não é visível e sua contração
voluntária não é habitual, mais de 30% das pessoas não consegue realizar os
exercícios de forma adequada em uma primeira avaliação3.
Portanto, a
Fisioterapia Pélvica vai muito além da reeducação perineal, pois favorece a
percepção corporal, a autoconfiança e, consequentemente, melhora na qualidade
de vida do paciente.
Fontes:
1. Associação
Brasileira de Fisioterapia Pélvica (ABFP).
2. Eickmeyer
SM. Anatomy and Physiology of the Pelvic
Floor. Phys Med Rehabil Clin N Am. 2017; 28(3):455-460.
3. Preda A, Moreira S. Incontinência Urinária de Esforço e Disfunção Sexual Feminina: O Papel
da Reabilitação do Pavimento Pélvico. Acta Med Port. 2019; 32(11):721–726.
4. Bertotto
A, Schvartzman R, Uchôa S, Wender MCO. Effect of electromyographic
biofeedback as an add-on to pelvic floor muscle exercises on neuromuscular
outcomes and quality of life in postmenopausal women with stress urinary incontinence:
A randomized controlled trial. Neurourology and Urodynamics. 2017; 9999:1–6.
5. Costa CKL et
al. Cuidado fisioterapêutico na função sexual feminina: intervenção educativa
na musculatura do assoalho pélvico. Fisioter Bras. 2018; 19(1):65-71.
Lisandra Machado
Fisioterapeuta - CREFITO/3 209.954-F
Fisioterapeuta - CREFITO/3 209.954-F