Algologia e o tratamento de dores crônicas


Todo mundo está predisposto a sentir alguma dor que possa vir a prejudicar a qualidade de vida. Sejam dores lombares, articulares, cefaleia ou consequências do pós-operatório, a quantidade de pessoas que convive com tais incômodos é bastante significativa, e a questão é vista como um problema de saúde pública.

Para lidar com isso existe a Algologia, especialidade que se encarrega de estudar, tratar e buscar solução para a angústia de milhares de pessoas que convivem diariamente com dor. Convidamos a Dra. Maria Lia Ponte Furlani, algologista da Equipe Increasing, para falar dessa área ainda pouco conhecida da medicina, porém cada vez mais necessária. Confira:

Como você explicaria a Algologia para quem ainda não a conhece?

Dra. Maria Lia Ponte Furlani - A Algologia é uma área relativamente nova da medicina, também conhecida como medicina da dor. É a área voltada para o estudo e controle dos mais diversos tipos de dor, englobando dores agudas, crônicas e relacionadas ao câncer, por exemplo. O médico algologista é o especialista no diagnóstico e tratamento da dor do paciente.

- O que pode caracterizar uma dor crônica?

Dra. Maria Lia Ponte Furlani - A dor crônica tem duração prolongada (meses ou anos) e, geralmente, está associada a uma doença crônica ou a uma dor aguda não tratada de modo adequado. A dor crônica se prolonga por um tempo maior que o esperado para resolução de determinada lesão. Pode ser influenciada por fatores psicológicos, cognitivos, comportamentais, sociais, familiares e neurofisiológicos. É importante salientar que a dor crônica influencia muito na qualidade de vida do paciente, não possuindo nenhuma função fisiológica no nosso corpo e, portanto, sendo considerada patológica, ou seja, prejudicial ao organismo.

- Quais são os casos mais recorrentes?

Dra. Maria Lia Ponte Furlani - No Brasil, estima-se que a dor crônica acometa cerca de 30 a 40% da população, sendo descrita como uma das principais causas de licenças médicas, aposentadorias precoces e baixa produtividade, o que a caracteriza como um problema de saúde pública. A dor lombar é a dor crônica mais comum na população, chegando a acometer até 50% dos adultos, segundo alguns estudos. Outras dores crônicas comuns são cefaleia, dor pélvica crônica, dores articulares, dores no quadril, dor crônica pós-operatória.

- Quais são os métodos que podem ser aplicados durante um tratamento de dor crônica?

Dra. Maria Lia Ponte Furlani - O tratamento deve ser global e multidisciplinar. Podemos fazer uso de medidas não farmacológicas, como mudanças de estilo de vida, realização de atividade física e alguns tipos de terapias integrativas e complementares. Além disso, muitas vezes precisamos recorrer ao tratamento medicamentoso, com medicamentos específícos para o tipo de dor de cada paciente. O tratamento intervencionista, ou seja, procedimentos minimamente invasivos e bloqueios realizados para o controle de dor, estão sendo cada vez mais utilizados.

- A Algologia requer uma ação multiprofissional para que haja um tratamento eficaz? Com quais áreas essa especialidade pode trabalhar?

Dra. Maria Lia Ponte Furlani - Geralmente o tratamento da dor crônica engloba um acompanhamento multidisciplinar, que é uma atuação conjunta com outros profissionais especializados da área de saúde. É importante um acompanhamento médico, fisioterápico e psicológico, no qual os profissionais conseguem fornecer melhor qualidade de vida para os pacientes que sofrem com dor crônica. Além desses profissionais podem estar envolvidos outros, como terapeutas ocupacionais, nutricionistas e enfermeiros.

- Há solução para qualquer tipo de dor?

Dra. Maria Lia Ponte Furlani - A dor é subtratada no Brasil, muitas vezes por falta de conhecimento na fisiopatologia e tipos de tratamento. Sabe-se que algumas medidas simples já são capazes de fornecer bons resultados no tratamento e controle da dor, desde que bem orientadas. A depender da causa, certos tipos de dor podem necessitar de tratamentos mais complexos, e essa é a importância de sempre procurar um especialista para definição de diagnóstico e tratamento da dor.

- Qual é o maior desafio ao tratar pacientes com dores crônicas?

Dra. Maria Lia Ponte Furlani - Os pacientes que sofrem com dor crônica muitas vezes já procuraram uma série de médicos, das mais diversas especialidades, e não obtiveram o resultado esperado no controle da dor. O desafio é diagnosticar a dor, seja ela aguda ou crônica, e conseguir que os pacientes sejam encaminhados para um especialista para o tratamento precoce. Dessa forma, é possível evitar o agravamento do problema, proporcionar conforto e reduzir outros problemas como ansiedade e depressão, que muitas vezes estão associadas ao quadro de dor do paciente.

- Como essa especialidade tem sido contemplada dentro da perspectiva da saúde no Brasil?

Dra. Maria Lia Ponte Furlani - A Algologia vem ganhando espaço nos últimos 10 anos, pois há o estímulo para que o controle da dor seja feito de forma mais precoce e efetiva. Muitas instituições de referência estão implementando serviços de controle de dor, com protocolos direcionados para a melhoria do atendimento e satisfação dos pacientes. Além disso, a Sociedade Brasileira para os Estudo da Dor tem lançado iniciativas para aprimorar a avaliação e monitorar a qualidade da terapia de dor nas unidades de saúde. É uma especialidade que tende a crescer bastante daqui em diante.

- O que o Increasing pode oferecer a quem precisa desse tipo de cuidado?

Dra. Maria Lia Ponte Furlani - O Increasing possui estrutura para realizar um diagnóstico integral e oferecer os diversos tipos de tratamento disponíveis, sempre com acompanhamento multidisciplinar e especializado para determinado paciente. O paciente tem a oportunidade de passar por consultas de Algologia, realizar um planejamento terapêutico e manter o seguimento com Fisioterapia, Psicologia e terapias de reabilitação, por exemplo. Dessa forma, é possível promover qualidade de vida e contemplar as demandas de um paciente que sofre com dor.