Treino em pacientes com lesão medular: modalidades e benefícios

Todos sabem que praticar exercícios físicos pode proporcionar uma série de benefícios. Mas e para as pessoas com lesão medular, é recomendável? A resposta é sim, e cabe ao profissional da Fisioterapia Cardiorrespiratória a tarefa de adaptar os treinos conforme a necessidade de cada paciente.

Existem níveis de lesão. Isso significa que quanto maior o dano na medula, menos movimentos podem ser realizados pelo paciente e menor a capacidade dos sistemas cardiovascular e respiratório de suportar as demandas de atividade. E é aí que a prática de exercícios pode ser positiva, ajudando a reverter esse quadro pouco a pouco e amenizando sintomas frequentes como fadiga, falta de ar, dores musculares, aumento de peso e taquicardia.

Para realizar esse tratamento a Fisioterapia Cardiorrespiratória conta com algumas modalidades de treinos. São elas: 

Exercícios aeróbicos – De longa duração e de alta demanda de resistência cardiovascular e respiratória, utilizam grandes quantidades de oxigênio para a produção de energia e ajudam na tonificação dos músculos empregados. Promovem também a perda de peso e a redução da frequência cardíaca e respiratória. O uso do cicloergômetro (hand-bike), e a maioria dos esportes adaptados, como o basquete, são alguns dos exemplos.

Exercícios anaeróbicos – Mais intensos, são caracterizados pelas repetições em curtos espaços de tempo. Esta modalidade é coadjuvante no ganho cardiorrespiratório, e geralmente utilizam-se pesos para atingir o objetivo de ganho em força, agilidade, equilíbrio, tônus e hipertrofia muscular. Natação e corrida de cadeira em 100 metros rasos são alguns dos exemplos.

Exercícios funcionais – Envolvem movimentos comuns do dia a dia, como empurrar, puxar, levantar e abaixar. Promovem resultados semelhantes aos dos exercícios aeróbicos, mas com menor intensidade. 

Crossfit – Apresenta grande variedade de exercícios aeróbicos e anaeróbicos em uma sessão. Esta modalidade exige uma atenção especial, pois, se os exercícios forem realizados de forma errada, durante a prática pode ocorrer lesões musculares, ligamentares, nervosas e até fraturas. 

Exercícios de flexibilidade – Têm como objetivo promover maior elasticidade musculo-ligamentar, além de ganho de equilíbrio, de tônus e um pouco de força na execução dos movimentos do cotidiano e dos realizados durante a prática de outras atividades físicas. O pilates é um exemplo desta modalidade. 

Após realizada a avaliação inicial, o fisioterapeuta cardiorrespiratório irá compor a sessão utilizando e adaptando esses tipos de treino aos objetivos traçados e discutidos com o paciente. 

Vale ressaltar que dentro de uma equipe o profissional ainda pode realizar as sessões em modo casado, por exemplo, empregando os exercícios que a Fisioterapia Neurofuncional está aplicando e desta forma adaptando os movimentos a uma das modalidades disponíveis no tratamento. 

Por: Wellington Contiero - CREFITO-3: 129.804-F

Referências:

BUKER D B e COLS, Effects of Spinal Cord Injury in Heart Rate Variability After Acute and Chronic Exercise: A Systematic Review, Top Spinal Cord Inj Rehabil, Spring 2018;24(2):167-176.

MAHER J L  e COLS, Exercise and Health-Related Risks of Physical Deconditioning After Spinal Cord Injury, Top Spinal Cord Inj Rehabil, Summer 2017;23(3):175-187.

SLIWINSKI MM e COLS, Community exercise programing and its potential influence on quality of life and functional reach for individuals with spinal cord injury, J Spinal Cord Med, 2020 May;43(3):358-363.

VALENZUELA PL e COLS, Physical Exercise in the Oldest Old, Compr Physiol, 2019 Sep 19;9(4):1281-1304.

BOUZAS S e COLS, Effects of exercise on the physical fitness level of adults with intellectual disability: a systematic review, Disabil Rehabil,  2019 Dec;41(26):3118-3140

DA SILVA JCG e COLS, Aerobic exercise with blood flow restriction affects mood state in a similar fashion to high intensity interval exercise, Physiol Behav, 2019 Nov 1;211:112677.