A obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que em 2025 cerca de 2,3 bilhões de adultos estarão acima do peso, sendo 700 milhões obesos, ou seja, aqueles com um Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30.
De acordo com a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2003 e 2019 a proporção de obesos na população brasileira com mais de 20 anos passou de 12,2% para 26,8%. Nesse mesmo período, a obesidade feminina passou de 14,5% para 30,2% e se manteve acima da masculina, que subiu de 9,6% para 22,8%.
Além de ser fator de risco para doenças cardiovasculares e metabólicas, o excesso de peso pode causar dor crônica, já que a obesidade é uma doença inflamatória de baixa intensidade, caracterizada pela liberação contínua e sistêmica de citocinas pró-inflamatórias.
Embora os mecanismos exatos que levam à dor induzida pela obesidade permaneçam pouco esclarecidos, a hipersensibilidade dos nociceptores, bem como o estresse mecânico induzido pelo excesso de peso, são fatores que devem ser considerados.
Os nociceptores são neurônios especializados em detectar estímulos potencialmente prejudiciais, que após a ativação, o hospedeiro geralmente experimenta a dor, definida como uma sensação sensorial e emocional desagradável. A dor pode ser aguda, servindo como uma resposta fisiológica protetora a um estímulo prejudicial, ou crônica, quando é fisicamente debilitante e com duração superior a três meses.
O tecido adiposo branco é composto por pré-adipócitos, adipócitos, células endoteliais e imunes, como macrófagos, monócitos e neutrófilos, e aumenta notavelmente durante a obesidade. Desta forma, o tecido adiposo constitui uma importante fonte de citocinas inflamatórias. Além disso, os adipócitos tendem a se romper devido à sua capacidade de expansão limitada durante a obesidade, aumentando drasticamente os níveis locais de citocinas.
O aumento de citocinas inflamatórias sensibiliza os nociceptores, sendo que a sensibilização periférica é um dos principais contribuintes para processos inflamatórios que geram a dor.
O estresse mecânico decorrente do excesso de peso também contribui para o estado de inflamação crônica e aumenta a hipersensibilidade sensorial. O silenciamento de neurônios sensibilizados pode fornecer alívio da dor induzida pela obesidade.
Para amenizar as dores é essencial manter o peso dentro dos níveis saudáveis (IMC entre 18,5 e 24,9kg/m2) através de cuidados com a alimentação, priorizando alimentos in natura ou minimamente processados e evitando o consumo de alimentos ultraprocessados. A prática de exercício físico também é fundamental para a perda de peso e contribui para melhora da dor crônica e, consequentemente, da qualidade de vida.
Por Camila Ferraz Lucena Monaco, Nutricionista - CRN-3: 14052