Intervenções cirúrgicas têm como objetivo a cura ou a diminuição da doença oncológica.
O ato cirúrgico em si representa um evento de estresse que frequentemente pode levar a efeitos adversos. Esses efeitos têm um impacto negativo na capacidade do paciente de realizar atividades do cotidiano, prejudicando assim a qualidade de vida no período pós-operatório.
Apesar dos avanços nas técnicas cirúrgicas, anestésicas e nos cuidados pré-operatórios, alguns pacientes não recuperam rapidamente sua capacidade funcional e fisiológica.
O bom preparo físico, a melhora da reserva funcional por meio da atividade física e a boa evolução do estado nutricional são fatores protetores para eventuais complicações cirúrgicas e inconvenientes na recuperação pós-operatória.
Aspectos da pré-habilitação cirúrgica
As medidas de condicionamento pré-cirúrgico (ou pré-habilitação cirúrgica) são importantes para contrapor o esperado declínio da função física e do bem-estar geral associado à cirurgia.
A pré-habilitação agrupa as medidas aplicadas no período pré-operatório com o objetivo de melhorar a desempenho funcional dos pacientes, na esperança de reduzir morbidade e mortalidade, além de acelerar a recuperação pós-operatória.
A ideia da pré-habilitação é otimizar a saúde do paciente que irá ser submetido a uma agressão controlada, que é a cirurgia. Todas as medidas que promovam a melhora da saúde física e mental do paciente podem ser incluídas no processo de pré-habilitação.
A boa capacidade funcional tem relação direta com a evolução pós-operatória, assim como outros fatores, como exercícios físicos estruturados, otimização da nutrição, suporte psicológico e interrupção de comportamentos negativos para a saúde.
Alguns estudos e revisões sistemáticas demonstraram o impacto positivo de programas de exercício pré-operatório na melhora da função física.
Uma meta-análise publicada no British Journal of Sports Medicine, que avaliou dados de 13 estudos envolvendo 806 pacientes com tumores primários, mostraram que entre 432 pacientes com câncer de pulmão, o exercício pré-operatório reduziu as taxas de complicações pós-operatórias e a duração da internação.
De acordo com o Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo alto do A. C. Camargo, é muito importante o preparo muscular e cardiorrespiratório antes da cirurgia, sobretudo para os pacientes mais idosos.
“O bom condicionamento físico pode contribuir de forma significativa para o sucesso de uma cirurgia de tumores no fígado, pâncreas, esôfago e estômago”.
Por Alexandre Perito - CREF 053172G/SP