As infecções, principalmente aquelas da corrente sanguínea, são as principais causas de morte de pacientes com câncer durante o tratamento.
Muitos pacientes oncológicos vão utilizar a quimioterapia como tratamento, assim como a radioterapia e as cirurgias. Mas vale ressaltar que a quimioterapia é um tratamento agressivo cujo objetivo é destruir as células tumorais, porém também irá destruir células sadias.
Entre as células infectadas estão as chamadas imunológicas, ou seja, os glóbulos brancos (leucócitos), que defendem nosso organismo dessas infecções.
Então, as pessoas que estão passando por um tratamento quimioterápico tendem a ter esse número de glóbulos brancos baixos, por isso ficam mais suscetíveis a vir a ter infecções da corrente sanguínea.
Os agentes que causam essas infecções vêm das nossas mucosas (nariz, boca, olhos etc.) e de feridas que muitas vezes são ocasionadas pelo próprio tratamento. Por isso, é muito importante ter cuidado para evitar esses riscos.
O intestino pode desenvolver feridas por conta do tratamento da quimioterapia e também pode vir a surgir tais lesões se o paciente passa por sessões de radioterapia na região da barriga (abdome e pelve, por exemplo). Quando a mucosa do intestino está ferida - o que chamamos de enterites -, torna-se maior a possibilidade de deixar aquelas bactérias patogênicas ruins passarem pela corrente sanguínea, e por isso há uma chance maior de infecção.
Por outro lado, a quimioterapia vai levar a uma destruição daquelas bactérias benéficas que estão habitando o intestino e que têm o papel de proteger o órgão daquelas bactérias patogênicas prejudiciais. O tratamento também causa a destruição da nossa flora intestinal (microbiota intestinal), ou seja, a proteção do nosso intestino. Os antibióticos que podem ser utilizados como profilaxia também podem danificar essa microbiota intestinal, que é a comunidade de bactérias benéficas e protetoras.
Com essa situação, a pessoa fica mais suscetível a essa entrada de patógenos para dentro do organismo, ou seja, para a corrente sanguínea.
Dessa forma, desenvolve-se um ciclo de destruição dessa barreira intestinal (microbiota), aumento da suscetibilidade de passagem desses microorganismos. Ou seja, uma imunidade deficiente é risco maior de uma infecção grave e generalizada, o que chamamos de sepse, o que pode levar à morte
Protegendo o organismo
Então, como de fato proteger o paciente oncológico das infecções da corrente sanguínea?
Primeiramente, é muito importante melhorar a imunidade. Uma dieta antiinflamatória, ou seja, promover equilíbrio entre os alimentos que são mais inflamatórios (carnes vermelhas, pães, doces etc.) e os antiinflamatórios (vegetais, grãos, cereais, sementes e peixes) auxilia na proteção imunológica.
Além da dieta antiinflamatória, nós também temos que cuidar do nosso intestino com alimentos que fazem crescer o número das boas bactérias, promovendo a microbiota intestinal.
A aveia (em grão, farelo ou flocos) é muito poderosa nesse sentido, pois possui a betaglucana, que é um alimento especial para as bactérias probióticas que estão em nosso intestino. Linhaça também é muito importante, assim como as frutas, em especial a maçã, a laranja e o mamão, que contam com fibras solúveis. Além disso, também é importante consumir iogurte natural, cebola, alho e algumas ervas, como o manjericão, por exemplo.
Já os alimentos que não deixam essas bactérias probióticas se desenvolverem são, principalmente, os ricos em açúcares, gorduras trans e embutidos. Além desses alimentos, vale ressaltar todos aqueles produtos com acidulantes, corantes e conservantes. Portanto, é fundamental que o paciente oncológico evite a ingestão desses alimentos industrializados e demasiadamente processados.
Por Dra. Adriana Garófolo - CRN: 10744