Algumas doenças como câncer ou endometriose infiltrativa requerem um tratamento cirúrgico radical, o que pode levar a consequências indesejáveis.
Por exemplo, em 86% dos casos, as mulheres que passam por cirurgia para o tratamento de câncer de colo de útero apresentam disfunções urinárias como perda de urina e dificuldade para esvaziamento da bexiga. Além disso, 75% dessas mulheres terão piora na função intestinal e 90% delas sofrerão algum prejuízo de sua função sexual.
Com o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas laparoscópicas avançadas, as taxas de cura do câncer (colo de útero, reto ou próstata) e controle de quadros de endometriose têm sido cada vez mais satisfatórias.
No entanto, para que o seguimento destes quadros seja completo e bem-sucedido, é de extrema importância que a possibilidade destes eventos adversos seja apresentada e discutida com o/a paciente.
Assim, sempre que possível, uma avaliação funcional pélvica completa deve fazer parte da avaliação pré-operatória da cirurgia pélvica radical. Esta avaliação conscientiza o/a paciente sobre a possiblidade de problemas urinários em decorrência da cirurgia e, em muitos casos, diagnostica problemas pré-existentes que podem complicar o pós-operatório.
Além disso, médicos, fisioterapeutas e enfermeiros especializados preparam o/a paciente a lidar com esses problemas, com treinos de exercícios pélvicos, uso de cateterismo intermitente limpo e estratégias de manejos intestinais.
Conhecer a situação de cada indivíduo, previamente à intervenção cirúrgica, possibilita a tomada de medidas para tratamento de distúrbios já instalados e programação de estratégias de acompanhamento após a cirurgia pélvica radical através de um plano terapêutico individualizado.